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Sugestões aos prefeitos.
Sugestões aos prefeitos.

Ações e tecnologias que podem minimizar os problemas na administração dos municípios.

                                   Gilson Leite de Moura.

 

       As cidades de pequeno e médio porte, situadas no nordeste brasileiro principalmente as do semiárido, poderiam ser mais bem administradas principalmente no momento em que ainda não acumulam problemas de grande complexidade pelo seu tamanho reduzido.  É quando a cidade é pequena que temos maior mobilidade e liberdade de soluções, empregando um menor montante de capital, sobretudo com ações técnicas e saneadoras oferecidas pela engenharia local.

      Faz-se necessário, no entanto, uma mudança de mentalidade dando ênfase especial à zona rural. Essa parte do município merece atenção especial, pois com freqüência tem sustentado a economia local e até tem salvado da fome, o município como um todo. As administrações municipais teriam que mudar hábitos arraigados e passar a enfocar o campo mesmo que lá, não seja possível construir “obras de fachada”.

       Os prefeitos bem que poderiam fazer um esforço no sentido de buscar soluções que ajudem seu povo a encarar os problemas seculares da seca, bem como facilitar o intercâmbio com os órgãos disseminadores das boas tecnologias e culturas.

       As ocorrências climáticas negativas são sabidamente recorrentes e há muito, foram solucionadas com maestria em terras estrangeiras que buscaram a todo custo, novas técnicas e a conseqüente melhora na produtividade; Israel é um exemplo disso, com um índice pluviométrico inferior ao nosso, mas esse país consegue desenvolver agricultura até no deserto.

      É vergonhoso saber que tais problemas são seculares entre nós, e se repetem a cada ciclo e às vezes, por anos seguidos sem a devida busca de soluções que minimizem o sofrimento.

      A história já demonstrou que soluções paliativas e provisórias, são impróprias e até irresponsáveis já que desperdiçam recursos financeiros e humanos além de jogar na lata do lixo as esperanças de um povo que sempre esperou muito dos seus eleitos. Esse tipo de solução imediatista é muito comum entre boa parte dos políticos que freqüentemente agem visando exclusivamente o voto, solução egoísta que contempla apenas a solução do problema do político, ou seja, sua reeleição. Muitos se eternizam no poder e as soluções por eles apresentadas são sempre uma repetição monótona e ultrapassada mesmo que o mundo tenha progredido e as tecnologias comprovadamente eficientes estejam tão à mostra e a sua disposição.

      É frustrante e desanimador a repetição de soluções inadequadas e interrompidas ao primeiro obstáculo, que pela falta de decisão política e tecnologia apropriada, não alcançam o objetivo almejado. Problemas dessa ordem, até pela dificuldade e escassez dos recursos financeiros na nossa região nordeste, não mais podiam estar acontecendo. Há muito já deviam ter sido encarados e definitivamente solucionados dentro de cada realidade local.

      Quinhentos anos de história com secas que se repetem, já são mais que suficientes para termos aprendido a conviver com a incerteza e as irregularidades das chuvas e com a aridez da vida no sertão, imerecidamente castigado não por Deus como querem alguns fazer parecer, mas pela omissão freqüente de seus administradores que não buscam soluções adequadas.

      A própria natureza e a história vai nos ensinando como também novas tecnologias mostrando soluções já experimentadas e aprovadas em outros lugares. Só precisamos adaptá-las as diversas realidades sempre atentos as riquezas energéticas oferecidas pelo sol do nordeste, pelo vento e por uma natureza que há muito espera que façamos nossa parte.

      Vamos dar um exemplo; Se a água é salobra precisamos tirar dela o sal. O que não tem sentido é trazer para o município do interior, a usina dessalinizadora sem o acompanhamento e o domínio da técnica que a faz funcionar, assim como a técnica para resolver os prováveis defeitos que costumam acontecer em todas as máquinas.  Esse é apenas um dos motivos, nesse pequeno exemplo, que com freqüência tem feito parte da nossa realidade, no processo aqui lembrado, mas que também tem ocorrido em tantas outras tecnologias trazidas para o interior. Não há constância nem seriedade quando se encara uma solução que vem resolver a vida dos pequenos agricultores que deviam ser adestrados, eles mesmos, no manejo e nas técnicas de funcionamento da máquina que dessaliniza. 

       É freqüente a inauguração ruidosa e festiva de algumas obras ou serviços que no fundo só servem para denunciar a verdadeira intenção do administrador; Carrear o voto imediato para o seu nome, sem ponderar que em longo prazo os efeitos dessa irresponsabilidade serão danosos e desanimadores para as comunidades já desassistidas, mas que continuam vendo seus recursos canalizados para o supérfluo de uma festa de propaganda onde às vezes se gasta até mais que na possível obra salvadora.

      No exemplo do dessalinizador, o povo que não é burro passa a compreender que foi mais uma vez ludibriado e a água vai continuar salobra, depois das eleições, porque o voto já elegeu quem não devia, e deixou de eleger aquele que nem pode se candidatar nesse jogo político tão sujo e em desacordo com seus princípios. Para piorar o quadro, o candidato que tem visão e mentalidade diferente dos tradicionais candidatos, costuma ser honesto e não vai possuir os meios financeiros para, como o outro, custear a própria eleição que entre nós, a bem da verdade, continua sendo sinônimo de algo fraudulento.

      É por demais conhecido que, o inútil e tão desnecessário “marqueting” político, sempre foi direta ou indiretamente custeado com recurso do povo.

     “Marqueting” político para mim sempre foi teatro de mentiras e conversa para boi dormir, mas em toda eleição municipal, estadual ou federal se repete através de promessas irrealizáveis e da apresentação fantasiosa e irreal que não mostra a verdadeira fisionomia do político nem o tamanho real da economia salvadora anunciada nos palaques. O povo novamente enganado vai dizer:

      -A eleição passou! -E agora? -Esperar a próxima, e novamente ser enganado?

                                                             ......................................

      Toda região tem suas limitações e características peculiares e ninguém melhor que um prefeito de verdade para descobrir as reais vocações da terra, atribuindo responsabilidades a seus técnicos e secretários. Há, no entanto um grave erro e um costume torto dos nossos eleitos na hora de escolher seu corpo técnico e seus colaboradores. O critério da escolha dos técnicos e secretários infelizmente continua o de sempre; O critério político eleitoreiro, e dificilmente se adota no ato da escolha a competência e a dedicação para justificar a escolha de um colaborador público que sintonize com os anseios e a vida da sua comunidade.

      Esse sistema cheio de vícios, só tem beneficiado o político e seus apaniguados no jogo da sustentação improdutiva, eternizando o grupo político no poder, em detrimento dos verdadeiros destinatários das ações de um bom governo, o povo. Esse fica a ver navios e as ações salvadoras e mitigadoras dos problemas seculares vão ficando mais uma vez para trás.

      Como se não bastasse, até tentam alguns, demonstrar o impossível; Demonstram por A mais B, junto aos incautos, a impossibilidade da solução salvadora, mesmo sabendo que em outras localidades já foi comprovado o contrário em condições semelhantes e até mais precárias. Em muitos países há muito já se deixou de colocar toda culpa na natureza ou até, pasmem, nos desígnios de Deus.

      Não é fácil tirar do imobilismo criativo, administrações cujas práticas se eternizaram no caminhar fácil e burocrático. É mais cômodo, apesar de irreal e ridículo, aquele funcionário municipal (coitado), continuar preenchendo quadradinhos em formulários burocráticos dando conta às autoridades do governo estadual que tudo “vai bem”. E o estado omisso vai concluir também que tudo vai bem naquele município já que os “formulários” estão preenchidos conforme os critérios estabelecidos! É como se, um formulário bem preenchido mudasse a realidade e trouxesse a felicidade para uma comunidade.

      Observamos também a falta de preparo e vontade política dos senhores prefeitos municipais na apresentação, junto aos poderes federais e estaduais das soluções técnicas necessárias para por em funcionamento as idéias, principalmente as inovadoras.

      Torna-se imprescindível a apresentação de idéias comprovadamente eficientes acompanhadas de projetos e soluções nascidos da experiência e das aptidões históricas de cada município. Tais idéias precisam ser defendidas e até demonstradas junto ao Estado que a financia. O município tem que se cercar de bons técnicos que saibam projetar ou no mínimo que saibam apresentar e defender projetos em escritórios que tenham a capacidade e a credibilidade técnica de desenvolvê-los, sem os vícios daqueles escritórios já há muito estabelecidos nesse mercado que só tem valorizado a burocracia e as “jogadas”. Por outro lado há órgãos do governo capazes, como o SEBRAE, a EMBRAPA e a RTS custeados com os nossos impostos e por isso precisam está à disposição dos municípios desse país.

      Temos observado também que as construções executadas por firmas forasteiras, nos municípios têm conduzido a preços que ultrapassam órbitas nunca imaginadas por nós do interior. Observamos também que a má execução dessas obras pelo não cumprimento das especificações estabelecidas em contrato, são freqüentemente aceitas pela fiscalização que veio da capital ou de qualquer órgão alheio ao município, mas como era de se esperar só o município que a recebeu, sofrerá as futuras conseqüências da insegurança ou do possível mau funcionamento da solução implantada.

      A fiscalização por parte da engenharia local fica desmoralizada com freqüência e o único interessado nas boas qualidades e funcionamento das obras, o município, fica de mãos atadas, pois essas empreiteiras só costumam dar satisfação de ordem técnica, ao governo do Estado, que pelos vícios já conhecidos as fizeram ganhar a concorrência daquela obra.

      Por outro lado, certas normas impeditivas, ditadas pelo próprio Estado barram sem explicação lógica, a participação de firmas menores, com sede no interior e isso tem feito muito mal ao país já que a corrupção implantada tem ocorrido muito mais nas firmas de grande porte ficando suas obras com a fiscalização inacessível por parte de um “mero” cidadão ou técnico de interior.

       Observando também o aspecto da economia local se concluiria facilmente ser mais vantajoso entregar as obras para pessoal engajado no mercado local, sem falar que essas firmas locais passariam a se equipar e se aprimorar com técnicas e capital adequados já que passariam a ter chances no mercado. Por outro lado, as firmas executoras estariam sempre próximas do prefeito e das comunidades que passariam a ter chances de cobrar maior empenho.

      Observa-se no grande mercado das obras, a imposição premeditada e consciente, de obstáculos para que as pequenas construtoras não tenham acesso e talvez venha daí, a origem de tanta corrupção em um país que tem dado muito prestígio a personagens tipo “Cachoeira” ou aqueles outros, “os anões do orçamento” que tanto nos envergonharam no presente e no passado.

      Temos notado também por parte do Estado, o mesmo imobilismo dos municípios quando se quer ousar e fazer algo que apesar de produtivo, foge aos padrões burocráticos estabelecidos por eles.

      Não creio em governo municipal que fica esperando os costumeiros recursos do FPM e outros recursos, e mais nada faz no sentido de mudar o quadro estabelecido e apresentar possíveis soluções inovadoras freqüentemente desconhecidas daqueles que nos governam de Brasília ou da capital do estado. Afinal de contas quem deve entender do município é o prefeito, eleito para isso, e em um país de dimensões continentais, diversas são as soluções, diversa é a criatividade de cada localidade, como diversa é a produção de cada município.

      É com a cabeça nessas idéias e nas observações efetuadas da realidade observada que ouso apresentar algumas sugestões pesquisadas e até perseguidas por mim em fontes que me inspiraram crédito ao longo dessas minhas buscas. Como exemplo poderíamos citar a EMBRAPA a RTS e freqüentemente no site INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS e outras fontes.

      Essa busca gratuita está democraticamente à disposição de todos nós que precisamos do conhecimento e da comunicação e mesmo morando no interior podemos ter o acesso ao conhecimento tão necessário e se o assunto pesquisado é apresentado superficialmente temos toda condição de aprofundar a pesquisa em tantos outros sítios da internet. Podemos também consultar através de e-mail, às mesmas fontes que originaram a pesquisa inicial ou até complementarmos alguns conceitos em fontes paralelas e concorrentes em outros portais.

      Precisamos também engajar as universidades federais ou até particulares levando seus conhecimentos para as cidades do interior, dando soluções técnicas e até administrativas fazendo dos seus futuros formados, pessoas engajadas na realidade do país, realidade essa que eles enfrentarão após sua formatura frequentemente em cidades do mesmo interior.

       Soluções e possibilidade de mudanças existem, mas cito aqui algumas que com certeza minimizariam o sofrimento daqueles que apesar de habitarem os lugares mais inóspitos, são eles que frequentemente movimentam a nossa economia, porém quase sempre com tecnologias e conhecimentos bem distantes, daquelas outras do mundo civilizado. 

 

  1) BARRAGEM SUBTERRÂNEA.--Entre as tecnologias mais acessadas para a região Nordeste está a barragem subterrânea que como técnica de acumular água é superior a tantas outras já que é baixíssimo o índice de evaporação e a contaminação se faz mais difícil pois a água fica acumulada no subsolo, copiando a própria natureza.

      Consiste na escavação de vala transversal ao curso natural de escoamento das águas subterrâneas de um riacho seco, sendo essa vala preenchida por um material impermeável que venha impedir esse fluxo e assim formar um depósito d’água contido na porosidade do solo que ficou preso à montante da barragem. O depósito assim formado pela barragem e pelas margens laterais daquele riacho, bem administrado, poderá acumular a água necessária para uma família, durante o decurso de um ano. Essas margens são compostas naturalmente por solo impermeável como a argila.     

       Acumular água é a única saída para o nordestino cuja irregularidade das chuvas se caracteriza não pela falta delas, mas pela distribuição irregular no tempo da invernada. Temos chuvas intensas, seguidas de períodos de escassez, dentro do mesmo ano, e esse regime é prejudicial ao plantio que não estava esperando a falta d’água no clima escaldante do nordeste.

      As águas da chuva assim contidas podem suportar todo período das secas, formando durante o período chuvoso, além do manancial subterrâneo, um pequeno lago superficial medindo quarenta centímetros de profundidade acima do terreno natural onde a primeira cultura ali plantada pode ser o arroz enquanto a água não evapora.

             Depois de colhido o arroz e evaporada as águas do pequeno lago formado, outras culturas podem ser plantadas como o milho, o feijão, a melancia etc. irrigados espontaneamente pela sub-irrigação do pequeno lençol d’água acumulado. Nas partes mais elevadas da barragem, costuma-se plantar macaxeira, fruteiras e árvores de maior porte que fornecerão como os legumes, durante o ano, alimento para a família e até para comercialização.

      Na parte mais baixa da barragem, junto ao barramento se constrói um poço (cacimba) para retirada de água de uso pessoal, para os animais ou para pequenas irrigações. A experiência tem mostrado que na caatinga essas barragens subterrâneas tem favorecido o verde que contrastando com a vegetação que as rodeia, dá a sensação de oasis em plena caatinga. Um oásis na caatinga é tudo que o nosso sertanejo precisa para ser feliz e alimentar sua família e seu pequeno rebanho. O volume de água acumulado, diferentemente de uma cisterna comum, pode chegar a milhões de litros e os custos de construção do referido sistema estão entre dois e dez mil reais, considerado baixo em função do benefício.

      2) CISTERNA CALÇADÃO.--Outra tecnologia recomendada para acumular a água tão necessária ao habitante do semiárido é a cisterna calçadão que consiste na construção de um piso impermeabilizado e inclinado onde as águas de chuva caem e são colhidas e transportadas por gravidade para uma cisterna que fica abaixo. Essas cisternas se diferenciam pela capacidade maior  que as tradicionais e pela área do calçadão que é superior a área coberta de uma casa comum do campo. A água assim obtida é utilizada nas pequenas irrigações de hortaliças, na irrigação da fruticultura próxima, e também para matar a sede dos animais e tantas outras utilidades que vão possibilitar a permanência do agricultor no seu lugar de trabalho.

Há muito se fala em fixar o homem no campo, mas isso com certeza não significa atá-lo a um mourão sem que ele tenha as mínimas condições econômicas para la viver dignamente. Antes do homem se fixar ao campo ele precisa de condições definitivas que façam com que ele fique lá. Não dá para deixar de lembrar que água é fundamental e sem ela não há vida.

      3)  PALMA FORRAGEIRA.--Para alimentar o gado há uma palma especial trazida do México por um agrônomo da família de Ariano Suassuna, Dr. Paulo Suassuna que trouxe toda técnica de plantio descrita na internet no site:

http://www.youtube.com/watch?v=3Kqy3DHYsds

ou nesse outro:

http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=Ovn9dQc76XE 

Esse profissional da agronomia desde muito vem pesquisando e ensinando o plantio de alguns tipos de palma resistente as pragas, inclusive um tipo que produz um fruto chamado figo da Índia já apresentado também pelos canais de televisão. O material da Internet mostrado nos endereços acima são vídeos que pela clareza de exposição, ensinam e mostram uma realidade diferente em alguns sítios no Estado da Paraíba. Os agricultores manifestam espontaneamente a satisfação de ver seus animais bem alimentados em plena seca com pequenas adaptações nos antigos sistemas de plantio da nossa tão conhecida palma forrageira. Vale à pena acessar esses vídeos.

      4)  PESCA E AQUICULTURA.—É comum encontrar grandes açudes no nordeste, construídos com o recurso do povo, onde suas águas são sub utilizadas ou não tem no momento, nenhuma aplicação que minimize as carências alimentares da região. É revoltante que numa região tão carente de alimento, as autoridades não se movam, mesmo que isso seja para provocar a briga santa de quem quer sair de si mesmo e sem demagogia, usar o recurso do povo para resolver um problema fundamental.

       Com tantos açudes no nordeste principalmente no Ceará e com as técnicas já comprovadamente eficientes, já podíamos está nos alimentando com o peixe, que desde tempos longínquos, Jesus Cristo o elegeu o mais nobre dos alimentos. A criação racional de peixe (tilápia) em tanques-redes tem dado um resultado econômico muito satisfatório e além de produzir tão rico alimento traz a abençoada tecnologia que retira o homem que mora no campo, do ostracismo e o coloca orgulhosamente como o produtor e disseminador de uma nova cultura, na produção dessa fonte de alimento tão antiga.

      Se a água desses reservatórios fica muitas vezes tão distante das cidades e povoados ao ponto de ser economicamente inviável o seu transporte, transportemos a verdura da sua irrigação e o peixe, alimentos que salvam e tiram o camponês da indignidade da fome e da indignidade do desemprego. Não é desejo de nenhum agricultor nordestino ser taxado de coitado, bastando para isso, que lhe proporcionemos a bendita tecnologia salvadora.

      É consultando a internet, por exemplo, que se descobre que os dez maiores açudes do Ceará poderiam está gerando mais de 20 MW de energia hidrelétrica e nesses açudes, há muito já podia estar funcionando pequenas centrais hidrelétricas (PCH) dando autonomia energética as irrigações e fornecendo energia ao campo para iluminação e até para fazer funcionar com autonomia as agroindústrias tão escassas nos nossos sítios e fazendas. Acho que todas essas idéias podiam povoar a cabeça dos nossos administradores municipais, trazendo para seus municípios as tecnologias da produção não somente do alimento, mas também da energia elétrica, sem a qual o campo jamais será competidor.

      É observando a nossa própria realidade, debaixo do nosso nariz, que o Açude do Atalho há muito podia está fornecendo ao povo de Brejo Santo e as cidades vizinhas, o peixe produzido no processo acima descrito. Temos que parar de ficar chorando com fome, tendo a comida a nossa frente. Preguiça mental também mata e até provoca Alzheimer.

      5)  FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA.—Se observarmos bem, quase tudo que consumimos vem do campo ou dos oceanos, inclusive as fontes de energia. Não tem como conceber as grandes hidrelétricas bem como a implantação de parques eólicos e fotovoltaicos senão na zona rural.

       A biomassa da qual tanto se fala, gerada por qualquer resto da agricultura ou da floresta nativa explorada de modo sustentável, pode contribuir com a autonomia energética dos municípios da mesma maneira que o bagaço de cana deu autonomia energética as grandes usinas de álcool. Toda a força de trabalho necessária para mover as máquinas e fornos dessas grandes usinas já pode ser produzida por elas próprias. Essa energia pode ser obtida pela queima ou na utilização de processos sofisticados que transformam a celulose do bagaço, em álcool também. Esse foi um grande passo na produção do açúcar e do álcool no Brasil, invejada até por nações mais ricas que não dispõem de uma natureza pródiga como a nossa. Afinal de contas moramos num país tropical como diz orgulhosamente a música.

      Como se percebe quase tudo vem do campo até mesmo a maioria das embalagens bonitas que enfeitam as prateleiras dos supermercados. Porém, mais importante que tudo isso é a possibilidade do campo se tornar, mais autônomo que qualquer zona urbana bastando para isso que se arranque definitivamente da mente de muitos políticos o imobilismo tão costumeiro passando a colocar no lugar merecido aquela parte do município que sempre movimentou, mesmo na dificuldade, nossa economia e produziu nosso alimento.

      Os pequenos povoados e comunidades bem que poderiam ser independentes do ponto de vista energético e do ponto de vista da industrialização do alimento, com a implantação de pequenas usinas eólicas ou termossolares já que temos um sol escaldante.

      As fazendas precisavam demonstrar para o Brasil dos burocratas que a micro destilaria de álcool pode fornecer para eles mesmos (os agricultores) esse combustível mais barato e menos falsificado que nos postos de combustível das cidades. As fazendas e povoados precisam demonstrar que a implantação de pequenos parques eólicos ou fotovoltaicos lhes daria a independência nunca antes sonhada da energia própria, por eles administrada e com certeza mais barata que a atualmente oferecida.

      Não precisa ser economista para perceber que o modelo estabelecido precisa ser mudado e aí se faz necessária a união de todos os prefeitos defendendo unidos essa causa. Afinal de contas o Brasil está nos municípios e a energia fundamental que nos põe em pé (o alimento) vem do campo.  A qualidade de vida nos dias de hoje está nos pequenos e médios municípios.

      Temos que compreender que se o agricultor come o feijão que ele mesmo planta, também poderia usar sem burocracia a energia que ele mesmo produz. Porque não usufruir as vantagens de habitar o campo em um país tropical e agrícola?

       Como diria o cientista Bautista Vidal, graças a esse sol dos trópicos, somos detentores de tantas opções de fontes de energia jamais sonhada por qualquer europeu.

      Que tal nosso agricultor produzir dentro da sua fazenda, o álcool ou o biodiesel para o funcionamento dos seus carros e tratores? Que tal nossos agricultores produzirem não somente o nosso alimento e passarem a transformar, por exemplo, o capim elefante ou os restos de cultura em “briquetes”, lenha artificial já consumida há muito pelas pizarias e padarias das grandes cidades?

      Com certeza alguém vai perguntar; Será que pode, alguém produzir seu próprio combustível? E eu responderia com outra pergunta; Será que pode, alguém produzir seu próprio alimento? Qual das duas é mais nobre: A energia que movimenta as máquinas ou a outra que alimenta a nobre máquina do nosso corpo? Não seria incoerência o agricultor poder alimentar o ser humano e essa nação inteira e não poder alimentar uma máquina?

      Dentro da evolução das idéias e das coisas, já vivemos o suficiente para compreendermos que muito do que nossa sociedade capitalista criou foram obstáculos “legais” onde o pequeno não consiga evoluir e passar a ter a autonomia tão libertadora, a tão necessária independência.

      São leis marotas criadas por um regime falido que só se sustenta em pé, se tolher a liberdade do outro que é criativo e vai desenvolver se lhe derem a liberdade. Daí a camisa de força de certas leis injustificáveis e de impostos que nunca são devolvidos através de serviços dos quais o nosso povo anda tão necessitado. Assim age o Estado e os grandes grupos econômicos. E assim a sociedade amordaçada vai aceitando as leis, feitas pelo congresso que há muito esqueceu o eleitor que o elegeu, mas frequentemente se lembram dos grupos econômicos que financiaram de maneira fraudulenta a sua eleição. O político defende na realidade o grande capital e o povo permanece escravo da falta da informação e do saber.

       Mudar é preciso e alguém já disse que o impossível é aquilo que ainda não se tentou. Precisamos passar a limpo a história que, até agora, só tem beneficiado o número reduzido de privilegiados que com freqüência, galgaram sua posição por meios ilícitos.

        Se examinarmos a história do automóvel vamos perceber que quando Rudolf Diesel inventou o “MOTOR DIESEL” não havia essa grande produção de petróleo no mundo e por isso fez seus primeiros motores funcionarem com óleo de amendoim até com o propósito de dá autonomia ao campo. Diesel já sabia que boa parte das futuras energias viria do campo.

      Precisamos acordar o homem do campo e os prefeitos das pequenas cidades para essa verdade que a cada dia se torna mais absoluta e poderá transformar a vida dos mais humildes cidadãos produtivos do nosso país. Quem sabe, não teremos no Brasil do futuro, cidades produzindo independentemente sua energia elétrica, administrada e vendida a preços justos por companhias locais?

      Parece estranho para muitos, o fato de estarmos aqui insistindo em chamar a atenção dos nossos prefeitos e governantes, por atitudes tão pouco usuais em se tratando de um governante eleito por nós que habitamos o humilde interior desse país gigante. No entanto quero aqui relembrar que um prefeito não foi eleito somente para construir praças mesmo que assim ele deseje ou isso seja imposição do governo do Estado. Qualquer governante precisa ser eleito para também mexer naquilo que os tempos e os vícios erradamente estabeleceram.

      O mundo evoluiu e precisa inserir a sociedade em processos produtivos que a faça mais feliz, mais produtiva, mais aberta e mais criativa.

      A praça é também necessária, mas só tem sentido quando reúne e festeja a alegria de um povo pelas suas conquistas. Que a praça sirva para congregar feliz e orgulhoso os cidadãos que conquistaram qualidade de vida para suas famílias e suas comunidades, no seu município.

      6) AGROINDÚSTRIA. – A falta de planejamento e de previsão tem favorecido a morte prematura de muitos empreendimentos localizados na zona rural dos nossos municípios. Assim é que temos ouvido as lamentações de tantos que empreenderam a plantação de grandes pomares de manga, de uva, de siriguela, de milho verde e de tantos outros frutos da terra, reclamarem o prejuízo na negociação dos seus produtos.

       O cultivo de frutas é exatamente uma das vocações das terras nordestinas pela grande incidência desse sol maravilhoso que faz mais doces nossas frutas e por isso o grande sucesso do pólo irrigado de Petrolina e Juazeiro. A produção em larga escala os favoreceu de tal maneira na comercialização, que hoje exportam para fora do país, mas nem por isso deixaram de implantar grandes fábricas de vinho, de suco e de doce ou de frutas em conserva que poderão absorver sua produção na hora da comercialização urgente do produto in natura, bem como agregar valor a sua produção favorecendo a mão de obra local.

      Não faz muito sentido o produtor ter grandes plantações dessas frutas que por serem perecíveis, o seu projeto não tenha sido acompanhado paralelamente da construção da fábricas de doces ou de sucos. A indústria de apoio se faz necessário. Quando isso não acontece o produtor ficará a mercê dos tão famosos atravessadores que não plantaram, mas vão lucrar muito mais que o produtor que deu duro para produzir. Hoje temos a disposição, órgãos como o SEBRAE, a EMBRAPA e o Banco do Nordeste, que poderão transmitir toda experiência técnica e administrativa bem como os necessários financiamentos para o agricultor que desejar empreender, dando aos seus negócios, maior segurança.

      Não faz muito sentido andarmos as cegas quando a luz existe e os conhecimentos e as experiências podem ser postos a disposição. As secretarias de agricultura dos municípios junto com os prefeitos poderiam incentivar todos esses empreendimentos contatando o produtor com os órgãos citados. Não faz mais sentido não ser obrigação da administração pública essas ações de governo uma vez que maior produção traz maior arrecadação para o município e maior qualidade de vida para os seus moradores.

      7)   NOSSAS OLEAGINOSAS E O BIODIESEL – Há três anos, após pesquisa de novas fontes de energia adaptadas ao Nordeste  escrevi o seguinte artigo: 

 

Macaúba para o Nordeste

 

 

      Com o estudo das fontes renováveis de energia nasce um outro tipo de agricultura onde o campo começa a ser valorizado em função de novos conceitos energéticos das nossas plantas nativas. Por isso torna-se de grande interesse o estudo das plantas oleaginosas cujo óleo vem aos poucos substituindo o óleo diesel. Há entre nós aqui no Cariri Cearense uma oleaginosa, encontrada também em quase todo território nacional conhecida na região como macaúba.

       Estudos da EMBRAPA têm demonstrado que essa palmeira fornece a maior produção de óleo por hectare, entre as plantas perenes que se adaptaram ao clima do nordeste brasileiro. Como o biodiesel que a Petrobrás tem usado é derivado 80% do óleo de soja e esse tem sido proibitivo pela sua baixa produtividade e pelo fato de ser alimento do homem, há uma tendência de se produzir esse combustível à partir de plantas perenes, onde não haja o ataque de pragas nem concorram com o nosso alimento. Todos sabem dessa verdade, mas ninguém ousa dá o primeiro passo.

       Como seria bom que os prefeitos mudassem um pouco o foco das suas administrações. Tenho certeza que esse tipo de agricultura mudaria a economia local e a vida dos seus munícipes. A macaúba e o pinhão manso são plantas da nossa região adaptadas a seca, pois suas raízes vão buscar água mais profunda. Outro aspecto interessante é o fato de poderem ser consorciadas com qualquer leguminosa que nos alimente. Estes aspectos positivos fizeram essas plantas serem apontadas como uma daquelas cujo óleo substituirá no futuro e até com vantagem, o óleo de soja, alimento humano importante.

       Como vastas áreas do Nordeste foram desmatadas e por motivo de seca não são cultivadas, ocupá-las com palmeiras nativas perenes será uma maneira de fazer a terra produzir, mesmo nas condições adversas da seca. Reflorestando a terra com árvores de grande porte, concorremos para sanar em parte o problema do desmatamento tão prejudicial a terra e ao lençol subterrâneo.

       Muitas áreas improdutivas do nordeste poderão ser transformadas em áreas produtivas com uma cultura nativa perene que poderá movimentar a riqueza onde a miséria é sempre decantada como algo sem solução. Além do mais as terras ocupadas pela plantação de macaúba não seriam impedidas de se plantar nelas de maneira consorciada com as culturas tradicionais do milho e do feijão.

       Precisamos ter em mente que Israel, com a tecnologia que possui hoje tem plantado até no deserto onde antes nada nascia. Entre nós a macaúba nasce espontaneamente, mas nunca a respeitamos como uma cultura que pudesse movimentar a economia. Acho que chegou a hora e a vez daquelas plantas oleaginosas que resistiram ao nosso desprezo, a nossa falta de sabedoria, ao clima escaldante e ainda são capazes de olhar altaneiras sobre nós e produzir riquezas sem as exigências dos tratos finos dispensados à soja, por exemplo.

       A EMBRAPA está aí com toda sua competência comprovada á serviço da agricultura, e sabemos que esse milagre ela pode fazer. Os prefeitos é que precisam mudar e passar a governar também o campo. Por isso a gente sugere menos praça na sede do município, onde a banda toca, e mais alegria no campo que toca a economia local. Aí então a banda terá uma razão muito forte para tocar nos distritos e as cidades deixarão de “inchar” quando for bom morar no campo.

Gilson Leite de Moura 11/11/2009

       8)  Quem navega na internet e rema por “águas boas” vai ter com certeza, boa pescaria. Vai encontrar certamente para cada município, muitas soluções dentro do artesanato, dentro de cada folclore regional ou até mesmo algo que acorde os talentos do seu povo. No entanto, nunca vai ser o governador o conhecedor profundo dos municípios.

       O prefeito, conhecedor dos costumes locais e dos recantos mais distantes do seu município vai gerir com mais propriedade os problemas de cada comunidade e nunca é demais lembrar que foi eleito para isso.

       É andando pelo nordeste e até mesmo navegando na internet que descobrimos com freqüência comunidades esquecidas por um capitalismo excludente que só soube até agora pronunciar palavras como “ECONOMIA DE ESCALA” ou aquela outra tão em voga “MEGA INDÙSTRIA” que com freqüência trás consigo, para infelicidade e surpresa das comunidades desinformadas, o “FALSO PROGRESSO”, a “MEGA POILUIÇÂO” e até mesmo as “MEGA DOENÇAS” daí decorrentes. 

       Nossos pequenos municípios nordestinos tem que conviver com soluções próprias e do seu tamanho até para serem administradas pelos seus habitantes. Melhor para nós do interior é a disseminação da mini usina de biodiesel ou de álcool, nunca a grande usina que trás obrigatoriamente a monocultura tão prejudicial. Melhor para nós é a tão saudável auto-suficiência energética principalmente quando se trata da energia renovável, e tantas outras soluções que só o campo e os pequenos municípios podem ter.

        Se a autosuficiência e a liberdade de ação dos municípios não forem legalmente possível, que mudem as leis, já que as leis foram feitas para o povo e não o povo para as leis e por isso todas essas normas tem que se adaptarem aos costumes, ao bem estar e aos tempos que se modernizaram.

       Não tem o menor sentido, por exemplo, o nosso agricultor pedir permissão ao governo para plantar macaúba e explorar o seu óleo. Seria o mesmo que incentivar a plantação de mandioca e proibí-lo de negociar a tapioca. E por falar em macaúba, recebi recentemente, através do site biodieselbr um bom artigo sobre esta palmeira e as vantagens do seu cultivo que podem ser encontrado no link: http://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/macauba/macauba-aposta-producao-biodiesel-familiar-211112.htm (Não deixem de acessar na internet e ler essa matéria. É muito importante dentro de tudo que falamos até agora.)

        A leitura dessa matéria vem corroborar com o artigo que escrevi em novembro de 2009 e que expus acima em letras maiores.

       Temos muito que aprender com o homem do campo e à medida que adquirimos outros conhecimentos que não são do domínio deles, temos a responsabilidade de dividir, desde que a tal tecnologia venha contribuir de maneira positiva.

        Os pequenos municípios precisam ter o conhecimento das tecnologias que os libertarão do atraso e os façam progredir e tomar rumos que os libertem de soluções inadequadas.

       Vemos, no entanto, soluções inadequadas serem repetidas, até com freqüência pela pobreza de espírito e falta de vontade política dos administradores que nunca encaram esses problemas como seus.

       Libertar o homem que habita o semiárido é dizer para ele, por exemplo, que existem muitas maneiras de acumular a água tão escassa nessa região castigada e lembrá-lo que sua luta principal nunca será contra a escassez desse líquido precioso, mas, sobretudo, contra a má distribuição dessas chuvas, já que nos períodos chuvosos temos quase sempre, grandes chuvas seguidas de períodos de vinte ou mais dias de estiagem.

       Conviver, portanto no semiárido significa saber acumular, essa água tão essencial a vida conservando a sua qualidade. A água não pode faltar a nenhum ser vivo, mas a única maneira de evitar essa catástrofe no semiárido é aprendendo a guardá-la como um bem precioso.

       Conviver no semiárido significa também convencer prefeitos que água tratada se recicla e o seu reuso após passarem pelas estações de tratamento poderá ser importante na plantação de capim ou na irrigação de plantas oleaginosas para o biodiesel. Essa mesma água poderá transformar o capim elefante, por exemplo, em briquetes para produção de lenha artificial  para os fornos de padaria e para as pizzarias.(ver EMBRAPA).

       Conviver nas cidades do semiárido e no campo pode significar aproveitar a poda das árvores e dos restos de cultura na fabricação dos mesmos briquetes referidos acima.

       Porque desperdiçar qualquer fonte de energia em uma região que já se caracteriza pela escassez?

       Conviver bem nas sedes dos municípios implica certamente em fazer a reciclagem do lixo orgânico que se transformará em adubo natural de boa qualidade e significa também montar no município usinas de reciclagem do lixo urbano favorecendo o surgimento de novas profissões e contribuindo para assepsia do ambiente em que se vive.

       Conviver bem nas sedes dos municípios é encarar com seriedade a transformação dos lixões em aterros sanitários.

        Conviver bem no município é ensinar o homem do campo a implantar nas suas casas, a fossa verde que tem comprovadamente resolvido com sucesso a situação sanitária de muitas comunidades isoladas em muitos lugares desse país e a conseqüente redução nas doenças transmissíveis.

        Quando se busca se descobre que para quase tudo há uma solução, mas com certeza não daremos essas soluções tão esperadas se não dermos ao nosso cidadão do semiárido a educação libertadora de que tanto precisa.  É a educação que abre a janela do conhecimento e de novas tecnologias adaptadas no futuro pelos próprios alunos de hoje. Precisamos profissionalizar nosso homem do semiárido muito mais do que dar para ele uma falsa “escola nota dez” que muitas vezes só serve a vaidade dos prefeitos, mas não tira da dependência o aluno, futuro morador de uma região onde viver é preciso, mas, sem o conhecimento libertador fica mais difícil que no resto do país.

 

                                                  Gilson Leite de Moura 28/11/2012