História não contada.
Gilson Leite de Moura
Em Janeiro de 1977, após cumprir minhas tarefas de construção das obras d´arte do Projeto Curaçá, na Bahia, decidi voltar para Brejo Santo e fundar uma pequena construtora e uma indústria de pré-moldados, época em que nossa cidade era bastante carente de informações e de novas tecnologias tão escassas e pouco divulgadas entre nós. Então foi criada a INPRECOL e com ela iniciamos a construção de diversas casas dentro de padrões até então pouco usuais na cidade, não só no aspecto da construção segura como no que se referia ao conforto e salubridade, com melhor ventilação e iluminação natural, além de outros aspectos que tornavam as construções mais funcionais e mais adaptadas aos aspectos sanitários e aos usos da época.
Nossos projetos refletiam um novo conceito de moradia e aos poucos fomos conquistando pessoas que preferiram aderir a essa nova modalidade de moradia. Nossos mestres de obras, pedreiros e serventes são testemunhas do esforço empreendido numa época de muito atraso, bem como são testemunhas também da quantidade de mão de obra gerada pelas nossas ações aqui no Brejo.Todos esses novos conceitos terminaram por motivar idéias de urbanização e então começamos a implantar os loteamentos. Os projetos preestabeleciam os tamanhos dos lotes, as larguras das ruas e avenidas e a locação das futuras praças.
Comprei, um instrumento de topografia (TEODOLITO) e com a ajuda dessa tecnologia e do empenho do meu irmão Helio nasciam os primeiros projetos de urbanização do nosso Brejo Santo determinando pela primeira vez na cidade, e por antecipação, os rumos de crescimento dos bairros projetados. Vale ressaltar aqui que o poder público municipal em nada orientava nossos serviços já que na época o Código de Obras e Postura, se existia, não era lembrado e por isso a urbanização que implantamos não teve nenhuma fiscalização ou orientação por parte dos órgãos públicos da época. Nisso não vai nenhuma crítica, mas uma constatação levando em conta a época.
Mesmo na ausência dessa lei referente ao parcelamento do solo urbano, loteamos aplicando os conceitos já existentes nas leis federais e nos códigos de obras de Recife e Olinda. O povo é testemunha do nosso trabalho inclusive nas parcelas de terrenos que por lei tocavam ao município, áreas essas correspondentes às praças, avenidas e ruas. Nosso povo como sempre, de mentalidade progressista abraçou as idéias de uma cidade mais organizada e a partir daí ficou mais fácil dar continuidade a construção de uma cidade parecida com seus sonhos. Nossos conterrâneos gostavam mesmo de progresso e tudo que fosse parecido com isso era aceito e bem vindo.
Nasceu nessa época, o Loteamento Moura, e o Loteamento Paisagem do Araripe, onde hoje está erguido o bairro Aldeota, parte do bairro Araujão e a Praça Chico Leite. Também fizemos o loteamento de “Meu Bu” O loteamento da família Zábulon, e do outro lado da BR 116, o Loteamento de João Moura. Estou citando esses, porque foram os primeiros a serem implantados por nós, dentro dos critérios de uma urbanização tecnicamente elaborada e por isso possuem largas avenidas como a Avenida Manoel Bezerra Feitosa com vinte metros de largura, e ruas com largura não inferior a treze metros, além da inclusão de duas praças apesar de não ter havido fiscalização, ou orientação por parte da administração municipal que nos exigisse a correta aplicação da lei do espaço urbano já aplicada em outras cidades na época.
Sem o conhecimento das autoridades municipais, bem que poderíamos ter deixado de projetar a praça hoje conhecida como Praça Chico Leite, ou então a larga Avenida Manoel Bezerra Feitosa poderia ser apenas mais outra rua estreita e aí teríamos incorporado mais lotes ao nosso patrimônio particular uma vez que somos os proprietários do Loteamento Paisagem do Araripe.
A área reservada dentro do terreno de João Moura é também obra minha e nem por isso, eu ou João Moura precisamos, na época ser político ou vereador. Está lá separada e esperando que nossos administradores façam a sua parte; construam um ambiente acolhedor e agradável como já se tornou a Praça Chico Leite. As pessoas que já habitam aquele lugar agradecerão com certeza.
Todos os loteamentos realizados por nós (Eu e Helio) foram feitos dentro do pensamento de defesa do patrimônio público. Queremos, no entanto lembrar que nem todos seguiram depois, os mesmos critérios no que se refere ao percentual de parcelamento de terra cedidas por lei ao município.
Enquanto cooperávamos na construção da cidade íamos conscientizando os cidadãos, dos seus direitos e daquilo que seria uma cidade abastecida e saneada Já que a política da época (fim dos anos setenta) era bastante alheia ao planejamento urbano, até por culpa do Estado omisso.
Como eu tinha sido estagiário e engenheiro subsecretário da cidade de Olinda, e Helio, topógrafo e técnico da Prefeitura do Recife resolvemos mostrar aos nossos conterrâneos aquilo que era tecnicamente viável e adequado em relação à urbanização e aos serviços tão essenciais a uma cidade que precisava desenvolver de maneira harmoniosa.
Nossa cidade crescia e como em toda cidade que desenvolve rápido, o progresso trouxe consigo a urgência de ampliar os serviços oferecidos, aliados à necessidade de por ordem no seu progresso. Por isso o serviço de abastecimento d’água e o esgotamento sanitário necessitavam ser redimensionados.
Como a oferta d’água e esgoto era precária, os políticos decidiram entregar esse serviço a CAGECE. Essa atitude motivou da minha parte um posicionamento contra, já que aquela companhia na época, não oferecia comprovadamente bons serviços às cidades de menor porte, onde ela já servia, e através de informações daqueles municípios, tínhamos conhecimento desses fatos.
Como entre nós, a entrega à CAGECE, já era uma decisão da Câmara Municipal, o fato provocou grande celeuma e após minha denuncia através de artigo publicado, o povo tomou conhecimento e a entrega não se concretizou para a felicidade de todos. Nas condições daquele momento, não tinha nenhum sentido prático e administrativo, ceder tão gratuitamente aquele patrimônio, sem nenhuma garantia de bons serviços como demonstrava as ações da CAGECE em outros municípios, na época.
A defesa dessa posição trouxe como consequência para mim, algumas dores de cabeça, pois como dizem os omissos “melhor é ficar quieto” e “deixar acontecer” como se na história não tivesse havido alguns que deixaram de dizer “AMÉM”, contribuindo à bem da sua comunidade.
Para os que não tiveram participação nem tomaram conhecimento do fato porque nasceram ou vieram depois, quero informar que agi motivado pelo único desejo de ajudar ao município, apesar desse posicionamento não ter sido em nada, cômodo para mim; Contestava a posição da ala política que desde longa data tinha sido adotado pela minha própria família. Compenetrei-me de que era injusta a decisão municipal e como engenheiro, cidadão e filho do Brejo, não podia concordar com algo que apesar da adesão da câmara municipal da época, não atendia aos anseios da população. Comprei essa briga e por algum tempo me senti só e até sem o apoio dos mais chegados e dos meus familiares.
Mas, o fato relatado acima foi lentamente assimilado pela população e pelos amigos e eles perceberam depois que qualquer cidadão podia contribuir sem ofensas pessoais e no plano das idéias para mudar decisões estabelecidas.
Contestar autoridades não era costume muito aceito naqueles tempos. Era difícil para o cidadão comum que não fosse vereador ou político influente, contestar ações do governo municipal através da imprensa ou de qualquer escrito. Para muitos, os idolatrados da política, tinham que ser também inatingíveis e blindados como se fossem anjos infalíveis. Não os culpo tanto. Eram outros tempos, costumes de uma época que a bem do município precisavam mudar. Afinal de contas, tudo no seu tempo. Nisso nós já evoluímos com certeza.
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Passava o tempo e em nossa cidade, nenhuma política surgia onde eu pudesse atrelar minhas idéias, até que por volta do ano 1987, voltou para Brejo Santo o médico Wellington Landim e aí começava uma nova fase e a tão necessária mudança nos costumes políticos do nosso município. A campanha foi acirrada, mas depois do embate, saiu vitorioso o nosso grupo, e aí me senti feliz pela possibilidade de finalmente contribuir com aquela administração que começava. Minha dedicação foi total ao ponto de esquecer meus próprios negócios.
Precisávamos trabalhar muito porque os tempos eram outros e nossos conterrâneos já não aguentavam mais tantas promessas não só da nossa campanha como dos nossos adversários.
O grupo vitorioso era ruidoso e festivo, mas precisávamos ser bem mais que isso. E fomos!
Pouco tempo depois da sua implantação, o novo governo municipal, conseguia com o governo do estado, obras importantes para o município entre as quais o tão urgente e necessário abastecimento d’água e as redes de esgoto que atenderiam de maneira mais eficaz e mais técnica as necessidades básicas da nossa cidade por um período de vinte anos.
Era manifesta a satisfação do povo que depois daquela campanha tão longa não mais acreditava em promessas, mas a chama da credibilidade foi mantida por todo o governo de Wellington com um secretariado dedicado e com obras e ações de governo que realmente aconteciam. Nosso povo andava satisfeito e não é sem razão que perdurem até hoje a lembrança daquele período de mudanças reais, fruto do empenho de todos nós que compúnhamos aquele governo.
Outros prefeitos já haviam dado a sua parcela de contribuição para o progresso do nosso município, mas naquele momento da nossa história o povo sentia mais de perto o maior volume de obras e ações acontecerem. À bem da verdade, o município já havia conhecido outros governos inovadores e entre esses se destacou um grupo político que infelizmente o egoísmo de alguns daquele grupo tão bem nascido, não permitiu a continuidade das idéias de progresso e nossa cidade é que perdeu com isso. (Me refiro aqui ao período do governo Dr. Lucena.).
No governo Wellington o povo conheceu o desenvolvimento e os políticos desse grupo souberam colocar o povão, como os merecedores do nosso empenho e da nossa dedicação. O clima era bastante positivo e se investia confiante no futuro da cidade atraindo inclusive investimentos de fora e a cidade crescia com o comercio cada vez mais forte e diversificado.
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Mas..., alguém já disse que a política é dinâmica e eu prefiro dizer que dinâmica mesmo é a história e, sem isso, ela, a história, não seria “A MESTRA DA VIDA”.
A história está sempre nos dizendo que precisamos corrigir rumos e o que foi bom há trinta anos, precisa ser aperfeiçoado para os nossos dias, sob pena de ficarmos sonhando com os atos heróicos do passado enquanto a sociedade civil e independente já navega em outra, como diz hoje a sabedoria da “rapaziada”.
Li há dois dias, um pensamento do cidadão chamado Fujita: “O sonho precisa deixar de ser sonho e ser concretizado”, mas eu diria que o sonho concretizado hoje pode e deve ser aperfeiçoado novamente amanhã. A título de exemplo; as máquinas do início da era industrial apesar do grande impacto que causaram naqueles tempos se ainda funcionassem hoje seriam obsoletas e improdutivas. Nesses nossos dias, governo que não anda paralelo com o progresso e a comunicação põe um ponto final na história das coisas, na história daquele progresso que é essencial ao funcionamento de uma cidade e na história dos cidadãos que habitam aquele município.
Assim são as ações políticas de qualquer governo que não queira envelhecer nas suas atitudes e caducar nas suas ações. Sem mudanças que se adaptem as tecnologias mais eficientes e sem um novo olhar nas coisas que evoluem, as ações dos governos passam de soluções, tão eficientes no passado, a inócuas ou pouco eficazes no presente. Quando não adotamos as tecnologias conquistadas pelo progresso humano, estamos sendo pouco inteligentes para não dizer outra palavra.
Quero dizer, por exemplo, que atitudes do passado que não contemplaram o meio ambiente, estão fadadas a serem soluções impróprias nos dias de hoje, quando nos preparamos para viver com sustentabilidade dando segurança as gerações futuras. Nossos atos omissos poderão conduzir à insanidade e a um falso progresso que não vai favorecer aos futuros governos dos nossos filhos e netos.
Nossos descendentes poderão nos julgar e concluir decepcionados que apesar da nossa geração ter conhecido as soluções, fomos negligentes e quando chegar a vez deles governarem virá a constatação e a descoberta que os problemas se agravaram e as soluções serão nos dias deles, bem mais caras e até em certos casos economicamente inviáveis por conta de indenizações impagáveis.
Aos olhos da ciência e tecnologias de hoje, temos melhores condições de avaliar o tamanho dos efeitos das nossas atitudes impensadas quando somos negligentes. Mas a história também tem nos mostrado, que sempre foi perfeitamente possível trabalhar de acordo com o saber atualizado de cada época.
O tempo e os meninos de hoje serão nossos juízes. Que dirão eles?
Os governos, mesmo aqueles das cidades pequenas precisam evoluir e ampliar o conceito de governar com ações que contemplem, sobretudo as comunidades produtivas, carentes de técnicas já ensaiadas e aprovadas em outros municípios e até em países mais evoluídos. A rigor, muitos que invocam para si o título de “político” precisavam entrar na escola para assimilarem e atualizarem até com os mais jovens o nobre significado do termo e se prepararem para um país que graças às comunicações e a Deus, está mudando. Não mais podemos fazer a política pela política. Ela (a política) não mais existe para satisfazer “grupos” porque o povo já compreendeu que a política só existe porque existe sociedade, porque existe o cidadão porque ele existe.
Achar por exemplo que Brejo Santo deve ser sempre uma cidade meramente comercial é o erro de quem não conhece a sua história e não se lembra da nossa produção de feijão e de algodão e até de outras culturas, tão comuns entre nós, já que as técnicas que ficaram no passado não acompanharam a ciência dos nossos dias.
Qualquer político sabe por exemplo a importância de manter o agricultor no campo, mas, sobretudo mantê-lo com dignidade. Ele merece.
Pesquisar soluções inusitadas e tirar o seu povo do imobilismo como já se fez com sucesso em muitos lugares desse Brasil é dever de qualquer bom administrador. Foi para isso que o elegemos.
Com certeza sairá bem mais oneroso para as administrações municipais não conter o êxodo do campo para a cidade. Esse fenômeno provoca o inchamento das cidades fenômeno que tem provocado o aparecimento de favelas sem as condições sanitárias básicas.
No entanto, vai ser bem pior mesmo é para aquele homem do campo que se iludiu com as luzes da cidade. Sua vida ficará mais cara, seus laços de família e amizade que tinha na comunidade serão desfeitos e morando na cidade sua família vai assimilar outros costumes e até vícios que antes não conhecia.
Não se está sugerindo que os prefeitos atuem sozinhos, antes queremos lembrá-los de que à disposição deles, existe hoje uma EMBRAPA, um SEBRAE, as redes de tecnologias sociais (RTS) ou tantos outros órgãos criados, que estão a serviço das comunidades e prefeituras visando o progresso sustentável. O que o prefeito nunca pode ser é auto-suficiente como se toda verdade e ciência tivessem sido canalizadas só para seu cérebro privilegiado. A ajuda é necessária.
Inovar na maneira de governar, talvez seja hoje, manter contato constante com as tecnologias apresentadas no veículo de comunicação mais importante dos nossos dias, a INTERNET. Não estamos aqui alimentando a criação de empregos para pessoas completamente alheias a todas essas causas defendidas, até porque tem sido esse, o mal de muitas administrações que empregam cada vez mais gente sem nenhum ideal, sem conhecimento da missão ou sem a vibração necessária. Estamos defendendo aquela posição dos apaixonados pelas causas do povo. É com esse tipo de funcionário que o município não GASTA, mas investe no futuro porque o dinheiro desse salário abençoado tem retorno já que induz soluções práticas e úteis na vida e na felicidade das comunidades.
A internet está cheia de soluções e adaptações de idéias que fomentam a busca de novas fontes de energias renováveis como a de plantas oleaginosas há muito conhecidas por nós, energia eólica, energia solar que amenizariam com certeza o problema secular das secas como o programa Globo Rural, apresentado no domingo passado mostrou, estampada na satisfação dos agricultores após a implantação das barragens subterrâneas nos seus sítios.
A pequena agricultura, aquela que sempre fez, Brasil a fora, o homem morar satisfeito no campo, bem que poderia ser favorecida com a tecnologia da “cisterna calçadão” Já adotada com êxito em alguns lugares. Todas são tecnologias há muito postadas na internet, mas só hoje têm destaque em programas como o Globo Rural cujo alcance nos lembra que não se podem desprezar meios tão importantes de difusão das culturas e das técnicas.
No intuito de evitar mal entendido, tentei quando secretário manter a quase impossível comunicação sempre através de trabalhos escritos, mas o alcance daquilo que escrevi, com certeza não atingiu os objetivos que conscientemente almejei; Ou seja, servir ao meu povo, os verdadeiros beneficiários e patrocinadores das obras e dos serviços públicos.
Confesso que minhas buscas de soluções e meus pareceres sempre foram encarados por mim com a seriedade de quem já completou sessenta e sete anos, de uma história completamente transparente.
O que escrevi e informei sempre buscou orientar, servir e logicamente traçar um rumo para aqueles que livremente, necessitaram das informações. Muitas das informações por mim dadas foram garimpadas na pesquisa e na vivência às vezes até apaixonada.
Acho que trabalhos escritos, relatórios técnicos e pareceres de alguém que já serviu por um tempo razoável a essa terra, no mínimo, precisavam ser lidos mesmo que após sua leitura sejam descartados e até jogados no lixo se não servirem ou contemplarem as metas e objetivos do governo estabelecido. Nunca o desprezo tolo de quem não leu e não gostou. Essa atitude será sempre compreendida, por qualquer observador normal, como gesto de desequilíbrio dos que governam e até por isso necessitaria cada vez mais da informação que em outros territórios onde impera o bom senso sempre foram bem vindas e até solicitadas.
Acho até que essas minhas palavras poderiam ser dispensadas quando se analisasse o meu passado de serviços prestados, mesmo porque a nossa história particular é também a mestra das nossas vidas e os atos por nós praticados falam mais que palavras, principalmente quando analisados num período de trinta e cinco anos de dedicação; Uma vida.
Sempre compreendi que projetos e obras públicas têm que ser elaborados e construídos por pessoas que delas entendem ou no mínimo tenham a boa vontade e a humildade de fazer a consulta, quando se fizer necessária e é para isso que existe o profissional de engenharia na secretaria, como existe o médico no consultório. Nunca a truculência de quem constrói e executa soluções técnicas sem nenhum conhecimento das consequências e dos prejuízos futuros decorrentes da sua incapacidade ou da ausência de otimização das ações por pura ignorância.
As vezes temos a impressão que o único aspecto que interessa na construção de muitas obras municipais é fazer com que elas dêem lucro como se fossem negócios particulares em detrimento da durabilidade e da utilidade das mesmas. Obras públicas, como o nome já diz são obras para o povo, pagas por antecipação através da famigerada cobrança dos impostos que a maioria pagante não pode sonegar pois estão embutidos em tudo que se adquire, até no feijão que eles mesmos plantam.
Antes do início do governo Guilherme, já que tinham me antecipado a minha futura participação na Secretaria, me preparei, escrevendo alguns trabalhos, inclusive contatando através da internet, profissionais da área técnica no sentido de dá um final feliz à eterna história do nosso abatedouro municipal. Os contatos com o professor Sergio Peres da Universidade Estadual de Pernambuco, se tornavam cada vez mais próximos e até imprimi um projeto completo de autoria do citado professor.
Após a vitória na política, todo ânimo se desfez e os técnicos do Recife que contavam com uma visita certa a Brejo Santo, já não deviam mais vir. Minha frustração foi grande e a indiferença me fez pensar e avaliar, naqueles primeiros dias de governo, o meu verdadeiro “tamanho” dentro daquela administração que só estava começando.
Sei que minha cabeça continua a funcionar bem, mas do restante do corpo (sou safenado) não diria exatamente a mesma coisa, mas sei que alguém como eu, pode e deve continuar servindo (quando solicitado) a uma causa ou a uma sociedade e aí entra a experiência e as vezes até aquilo que chamamos de sabedoria, adquirida pela idade. É aquele tempo em que nos transformarmos em consultores, esses que em escritórios de engenharia por esse Brasil afora, tem dado soluções a problemas diversos quando o tempo e a vivência nas suas profissões passam a ditar condutas maduras e já experimentadas.
Acho que em escala menor, por ser filho de Brejo Santo e pelo tempo de dedicação a causa do nosso município tinha que haver outro tipo de atitude em relação a minha pessoa.
Vinha me propondo ao serviço de urbanização, e a novas tecnologias, experiência adquirida em Olinda, com as construções aqui realizadas e com minhas buscas frequentes na intrenet. Assim o rendimento e o produto do meu trabalho se adequariam melhor as circunstâncias da minha idade e da minha saúde.
Poderia também fiscalizar obras, mesmo fora do perímetro urbano, desde que se colocasse à minha disposição o transporte, por mim já reivindicado e não ouvido. Depois de tanto serviço prestado ao nosso município maior contribuição eu poderia ter dado, coordenando o crescimento urbano através da orientação e até do incentivo ao povo com propostas de projetos de moradia adaptados aos lotes apresentados no ato das licenças de construção. Claro que essa proposta requer profissionais versados em arquitetura, em topografia e três fiscais para ligar as soluções da secretaria com a rua. Quero apenas relembrar que isso já foi proposto em trabalho escrito por mim, também no início da administração de Guilherme. Duvido até que tenham lido.
As licenças de construção que sempre pretendi organizar e até me propus a esse tipo de trabalho não são algo opcional para uma administração como a de Brejo Santo sabidamente uma cidade que cresce e por isso precisa organizar desde já o seu crescimento. Além do mais aplicar o Código de Obras e Postura é cumprir a lei. Obrigação de qualquer administrador.
Não quero me estender mais nesse assunto até porque trabalhos que escrevi antes já contemplam muito do que falo agora.
Apenas para citar um problema que considero grave na nossa cidade decorrente de omissões passadas e até de omissões presentes, lembro que o Canal da Taboqueira por não ter sido fiscalizado induziu o avanço das construções na sua direção e até oficinas exigem hoje indenização como se o direito deles estivesse acima do direito das comunidades que ali habitam. Um dia precisaremos com certeza alargar as margens daquele canal alterando o seu perfil devido à contribuição cada vez maior da bacia hidrográfica cujas águas para lá concorrerão em volume e em velocidade cada vez maiores a medida que os calçamentos crescerem na direção da serra. Dentro desse raciocínio, a omissão de hoje sairá bem cara no futuro com indenizações perfeitamente evitáveis nos nossos dias.
Outra observação referente ao canal é que já devia ter sido determinado e planejado por antecipação todo o seu traçado na direção da serra, antes que os loteamentos e as construções individuais obstruam esse importante veio de escoamento que com certeza se tornou imprescindível para o desenvolvimento seguro da cidade.
Tenho muitas outras observações e sugestões a fazer, mas muitas delas estão contidas em trabalhos escritos, relatórios, pareceres que coleciono e eles testemunham o meu empenho, a minha preocupação e o meu desejo de servir, ao contrário do que alguns pensam. Afinal de contas essa é a cidade onde nasci.
Já estamos no tempo de distinguirmos o silencioso trabalho de pesquisa e o trabalho informativo, do barulhento e ineficiente ruído da propaganda tão desnecessária quanto cara para os governos municipais ou qualquer outro governo que realmente queira trabalhar com seriedade. Nunca entendi porque governos têm que fazer tanto alarde e propaganda quando foram eleitos para trabalhar, sabedores que somos que propaganda se paga com o dinheiro do povo.
Sempre me manifestei na defesa do nosso povo e do nosso município. Aqui nasci e nasceram meus avós e aqui meu pai se estabeleceu desde moço. Minha família participou da história desse município desde sua fundação. As críticas que faço são construtivas e de alguém que vê, analisa, conclui e por querer bem a Brejo Santo ousa falar.
Gilson Leite de Moura 16/03/2012