Meu caro Luis
Gilson Leite de Moura
Essas fotos que você me enviou mostram que diversas são as visões do mundo, ou melhor, a posição com que as pessoas olham as coisas pode dá uma imagem turva da realidade e isso tem concorrido para interpretações por vezes infantis das falsas “realidades” que querem nos induzir a aceitar. De um lado fachadas curtidas pelo tempo que quase contam a história de um povo, isolado pela covardia dos países seguidores do Tio Sam. Do outro lado fachadas aparentemente coloridas que nos lembram o saqueio e o rateio injusto dos recursos do planeta.
Não estou contestando a veracidade das imagens. Pelo contrário! Acho até que lamentavelmente refletem a pobreza financeira de um povo que num determinado momento da sua história deixou de ser humilhado e deixou de ficar de cócoras para seus verdadeiros inimigos, mas cometeu o grave erro de não medir antecipadamente as conseqüências, bem como a maldade, a malícia e a arrogância dos seus adversários.
Tenho ouvido não da imprensa que constantemente nos omite ou distorce a verdade, mas de amigos meus e seus, que moraram e estudaram em Cuba e nos trouxeram outra face da verdade sobre aquele heróico país, que com certeza jamais será estampada nos jornais financiados pelo capitalismo que de uma maneira muito subliminar e traiçoeira conduz o mundo fazendo com que pessoas de aparente abertura intelectual não percebam a realidade por trás dos fatos. Não estou aqui defendendo nenhum regime de governo, mas se você observar bem, nós humanos estamos em busca mesmo é de uma posição como seres humanos.
Não é sadia, uma sociedade que de tão desumanizada, tornou-se fútil, pequena e inoportuna e até buscam prazer comparando edifícios de fachada bonita em paraísos fiscais para contrastar com as fachadas pobres edificadas em um dos menores países da terra a quem o mundo deu as costas e covardemente isolou do progresso científico e tecnológico. Aliás, essa “fachada” que sempre buscou o capitalismo é a mesma que leva o Rio de Janeiro, a cidade chamada maravilhosa, a ter praticamente no mesmo espaço, prédios suntuosos e favelas insalubres e miseráveis com ruas de dois metros de largura, habitadas por cidadãos como nós, mas que foram varridos para a periferia como lixo da sociedade.
Sabemos que um favelado é o resultado do poderio do grande latifúndio que expulsou o trabalhador honesto do campo ou de alguém que desesperado foi procurar emprego nos grandes centros e apesar de toda essa mão de obra ter construído grandes cidades como Rio e São Paulo, esses construtores da história e dos lugares bonitos são empurrados para recantos inóspitos, sem esgoto, sem escola, sem segurança, como se não fossem personagens essenciais para o desenvolvimento de qualquer nação, contribuindo até para o enriquecimento do capitalista ganancioso e concentrador.
Aí cabe a pergunta: Quem deve habitar o Rio de Janeiro? O pobre que o ergueu com a vida, suor e trabalho ou o rico que frequentemente tem juntado recurso por meios ilícitos sugando a vida e a saúde do pobre? Será que quando Deus criou o mundo, chamou os ricos e numa conversa de pé de orelha (como se faz muito no Congresso Nacional) deu a eles a escritura dos lugares mais bonitos daquela cidade? Não é esse o deus que conheço e a esse deus capitalista ou mesmo socialista não dobraria nem dobrarei nunca o meu joelho até porque respeito o Deus Verdadeiro e como homem da construção, respeito os construtores, desse nosso país, mesmo sendo eles humildes cidadãos.
Já é coisa do passado a disputa inútil entre o capitalismo e o comunismo porque isso nos conduziu, a uma batalha ineficaz, canalizando nossa capacidade de luta a ser CONTRA alguma idéia. Penso que quando lutamos contra, perdemos nosso precioso tempo, pois a luta verdadeira será sempre aquela que conduza o Brasil e toda a América Latina a uma busca positiva do “A FAVOR”, “DO CONSTRUIR”, “DO CONSCIENTIZAR”, em relação às metas traçadas por cada país e que nos levem a um porto seguro. Foram idéias e ações que desenvolveram as nações e é isso que queremos que floresça também entre nós latino-americanos. Soluções nossas e com o carimbo de cada país precisam acontecer com o estilo e o humor latino do qual fazemos parte com orgulho.
Frequentemente erramos como tem errado o mundo que tentou copiar idéias ditadas por sistemas alheios a sua realidade. A luta cega de quem é CONTRA, frequentemente é cega no verdadeiro sentido da palavra já que ficamos muito ocupados com aquilo que pensamos cegamente ser a verdade absoluta enquanto miramos absortos e iludidos, o vazio das nossas atitudes demolidoras e sem objetivos reais. Lembro-me que enquanto combatíamos o “ASSOMBROSO MONSTRO?” do comunismo, (será) deixávamos de construir nossa economia e consequentemente, nosso futuro.
Não é errado combater erva daninha, mas precisamos dedicar mais tempo regando e adubando a árvore frutífera sob pena de nos faltar a fruta. Só para exemplificar; Tem coisa melhor para os paises desenvolvidos que a famigerada globalização? No entanto, já que você resolveu me sensibilizar pelas imagens, vou tentar lhe enviar a imagem triste de um país não comunista e que por isso deveria ser incluída na ilusória globalização. Essa imagem chocou tanto o mundo que o fotógrafo que a captou, não se conteve e se suicidou; Um urubu atrás de uma criança africana, no meio do lixo, aguardando a sua morte que infelizmente deve ter acontecido e por inanição. Hoje sei e cada vez mais, que globalizar é muito bom para quem é “dono” do GLOBO. Nunca para aquela criança africana e seus irmãos de destino, que apesar de habitar o mesmo planeta que nós, morreu sem conhecer os benefícios tão alardeados e falsos da tal globalização que não inclui no “globo deles”, as favelas e recantos miseráveis dos países pobres.
Com o perdão da palavra, tenho percebido que globalização só tem sido refresco no dos outros. Principalmente no daqueles que a inventaram. No do pobre é pimenta mesmo e da braba! Aliás, o planeta, nos nossos dias, está produzindo 30% mais alimento que o necessário para aplacar a fome de todos os seus habitantes, mas pasme; O dinheiro não chega às mãos de todos para comprá-lo e a fome termina sendo causada pela falta não da comida, mas do dinheiro. Esse, a meu ver, é o crime mais grave do capitalismo opressor e como Deus existe e sei que é justo, seus mentores não ficarão impunes.
Dizem que a história é a mestra da vida e olhando por esse prisma, considero tola e sem objetivo prático, a revolução militar brasileira. Melhor seria não ter acontecido. Foi uma lacuna de tempo inútil, onde ao invés de termos buscado a felicidade de uma maneira positiva e patriótica, ocupamos esse tempo precioso viajando inocentemente nas idéias de uma imprensa facciosa e por ideais que não eram os nossos já que pertenciam muito mais a povos estranhos, de língua estranha, com uma mentalidade bem diferente e que às custas da exploração econômica de nações menores já tinham conquistado (ou usurpado) o seu lugar como membro de um império dominador e opressor.
Foi isso que Cuba, tendo a frente seus grandes heróis Fidel e Guevara resolveram mudar. Sabemos hoje que essa luta não podia ser apenas da pequena Cuba, mas da união dos povos oprimidos pelo capitalismo selvagem, ou por qualquer outro regime economicamente escravizante mesmo que esse venha com pele de cordeiro. Não sei qual dos dois é pior, se o que nos tolhe a liberdade, (o comunismo), princípio esse inerente a todo ser humano ou aquele outro que é excludente e ante humano, (o capitalismo) mas quer aparentar fachadas que não mais convence o mundo civilizado e culto. Aliás, apregoam tanto a liberdade nos países capitalistas, mas aquela criança africana morreu sem saber que liberdade só tem, quem tem posses, pouco importando a maneira como foi adquirida a propriedade ou o vil metal que entre nós tem comprado tantas consciências.
Será liberdade não dar a todos chances iguais? E às vezes chance nenhuma? Por isso, na sua sabedoria popular, o pobre diz que eles só têm liberdade pra morrer. Para mim, liberdade seria aquele conceito que mais devia igualar os homens e aliada a justiça beneficiaria mais o mais esforçado, o mais criativo e aquele que melhor contribuísse com a força do seu trabalho, das suas idéias e até com o seu capital, desde que adquirido com honestidade e por isso contribuindo para uma divisão mais justa e lícita dos recursos do planeta.
Mais vale a felicidade e o edifício interior do homem que aqueles outros imponentemente erguidos nos grandes centros, até porque tem sido a mão de obra humilde que o ergueu e não fosse o egoísmo e ganância de tantos, deveria servir também para o conforto e a promoção social de tantos irmãos injustamente excluídos.
A humanidade ainda entenderá um dia que a verdadeira moeda que ergue um país e constrói a felicidade de um povo é o TRBALHO e os RECURSOS NATURAIS. Moeda é só convenção, papel e ilusão. E por falar em moeda fica no ar a pergunta; Quem no planeta controla a emissão do dólar americano? Será que realmente existe esse controle? Há quem conteste e com argumentos.
Gilson Leite de Moura 25/02/2008