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LEMBRANDO AOS JOVENS
LEMBRANDO AOS JOVENS

Lembrando aos jovens.

 

      Já vão longe os anos em que na cidade do Recife eu cursava Engenharia e vivia uma época excepcional, conseqüência da falta de liberdade imposta pela truculência militar. Apesar de tudo foram tempos de grande aprendizado não somente no curso de Engenharia, mas enfrentando fatos adversos.

      Estávamos em plena ditadura militar com o governo do nosso país em mãos erradas e esse fato fez renascer em todos nós estudantes, os ideais de liberdade e a tão desejada paz já que as perseguições políticas deixavam a todos nós apreensivos e com medo até de dizer que éramos estudantes.  

      Naqueles tempos difíceis a violência, ao contrário do que desejavam os militares, reacendia em muitos patriotas, principalmente entre os estudantes, os políticos e os intelectuais a ânsia por liberdade e a vontade de ver novamente nosso povo se manifestar como cidadãos livres e com a mesma alegria de viver que sempre existiu no espírito do brasileiro.

      Essa época forjou realmente uma geração de brasileiros com ideais que terminaram por conduzir o país às “diretas já”, bem como a eleição de Tancredo Neves e a Constituição de 88. Além do mais, politizou toda uma geração que aprendeu a defender seus direitos e legou a geração atual o direito e a responsabilidade de se expressar livremente sob a proteção e a tutela da nova constituição criada pelos políticos que ainda tinham no espírito todos aqueles ideais de liberdade.

      Por tudo isso que presenciamos e participamos aprendemos também no fim desses dias difíceis que os destinos de uma nação estarão sempre nas mãos do povo desde que esse mesmo povo queira lutar por democracia e por liberdade. Aprendemos que o povo é o verdadeiro dono do poder e os políticos são representantes nossos que em eleições livres podem ser substituídos ou confirmados pelo poder do voto popular.

      O exército, bem como todas as instituições oficiais criadas, só existe porque existe o povo. O poder judiciário apesar de arrogante e auto-suficiente também existe em função do povo e é custeado pelos impostos que pagamos. É também para nós que ele deve funcionar e nunca somente para inchar de orgulho o peito do magistrado que fala bonito, mas trabalha lento. É quase isso que chamamos democracia em um país politicamente organizado.

      A história mostra que os ideais nortearam as ações do povo brasileiro esclarecido e a ditadura já passou e não mais encontrou clima para permanecer entre nós. O povo assim o quis e o querer gerou a adesão e a adesão o protesto em massa e a conseqüente luta política que mudou aquilo que havia sido estabelecido pela força das armas e não pela vontade soberana do povo. De uma maneira vibrante a nação reconquistou a liberdade amordaçada desde 1964.

      Hoje, graças à luta de muitos brasileiros da nossa história recente, já compreendemos que o exército de um país foi criado para defender o seu povo, para defender nosso território e para defender nossos ideais, mas o exército daquela época, ao contrário, defendia ideologias outras que nada tinha a ver com os nossos destinos e nada tinha a ver com os anseios de progresso da nossa gente que sempre buscou a felicidade e sempre teve a alegria de viver, moldada no seu caráter e na sua cara.

      Naqueles dias, o terror e a tortura foram implantados no Brasil apenas porque os brasileiros que pensavam diferentes tinham que adotar na marra aquilo que passava na mente estreita dos militares da época, como se o Brasil fosse um grande quartel e tivéssemos todos que entrar nesse grande pelotão.

      O Recife que sempre foi por tradição histórica, desde a invasão holandesa, uma cidade de luta e de conquistas não negou sua tradição nem fugiu a luta contra a tirania estabelecida. Os estudantes daquele Estado tiveram uma atuação considerável e marcante e a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco era enfrentante da luta política que tanto fazia valer nossos ideais.  Por isso o Diretório Acadêmico da nossa faculdade foi estupidamente invadido mais de uma vez pela truculência das forças que pretendiam impor uma ordem que só interessava a eles próprios, as elites conservadoras da época e aos países capitalistas que na época pretendiam dominar o mundo através da força como foi o caso da guerra covarde contra o indefeso povo do Vietnam.

      Cito aqui a guerra do Vietnam porque esse fato histórico marcou o espírito de luta e de revolta de toda uma geração ao redor do mundo e tornou transparente a real intenção dos governantes de um povo que só na aparência pregava a liberdade e a democracia.

      Mas, como no planeta sempre houve pessoas de ideais superiores que com suas atitudes ajudaram a moldar o pensamento ao redor do mundo, o filósofo inglês Bertrand Russel botou a boca no mundo denunciando aquela brutal invasão à soberania e ao território daquele heróico país. Através do livro documentário “Crimes de Guerra no Vietnam” Bertrand Russel revelou ao mundo as atrocidades impostas aos vietnamitas. Esse livro denunciava com detalhes a arrogância de um país rico que resolveu assumir a invasão de um país bem mais pobre e isso revoltou a inteligência da época. A juventude e os intelectuais do mundo inteiro protestavam num coro universal. O mundo inteiro já desconfiava, mas a invasão do Vietnam veio confirmar que os governos Norte americanos defendiam a democracia e a liberdade, mas esses conceitos só eram válidos para o seu próprio povo e dentro do território deles.

      A democracia e a liberdade tão apregoadas por eles próprios eram duas coisas fundamentais, mas com um detalhe intrigante; liberdade e democracia? Só para eles, os norte-americanos. As outras nações podiam ser invadidas principalmente aquelas que não pensassem como eles. Outro detalhe é que essas invasões só podiam ser realizadas por eles, os americanos, “os heróicos salvadores das pátrias alheias das garras do comunismo”. Consultar a nação invadida nem pensar já que segundo eles próprios suas intenções bem como seu arsenal bélico estavam acima do resto do mundo e seus atos, portanto estavam acima do bem e do mal. O querer dos povos ficava nas mãos do invasor e isso correspondia a destruir a soberania dos povos, pouco importando que os ideais, os costumes, a moral e a cara do povo invadido ficassem no chão pela vergonha do seu fracasso na luta covarde e desigual.

      A história de povos bárbaros sempre falou das guerras de conquistas, mas essas guerras, sobretudo de conquista de terras alheias não mais se justificam em nossos dias uma vez que hoje nos chamamos civilizados.

      O Vietnam foi invadido sem nenhuma declaração de guerra, na época. Eram um povo pacífico e pobre que na luta contra o invasor permaneceu todo tempo unido defendendo bravamente seu território. Por tudo isso, o título do livro de Bertrand Russel era uma cacetada na moleira desses invasores que sem declarar guerra invadia um país estranho e de costumes totalmente diferentes do capitalista que só via na sua frente o dinheiro e o poder.

      Por esse motivo Bertrand Russel dizia que para cada vietnamita morto correspondia a um crime de homicídio do governo invasor. Essa guerra que hoje parece esquecida continua na memória do mundo e foi a maior lição histórica que o mundo não vai esquecer nunca porque excepcionalmente a extraordinária força bélica norte-americana não conseguiu vencer  os ideais de liberdade daquele povo aparentemente humilde comandado pelo grande e idolatrado herói Ho Chi Mim, até hoje venerado pelos historiadores e principalmente pelo bravo povo vietnamita.

      As lutas e protestos da minha geração sempre foram por um mundo livre e consequentemente por um Brasil justo e pacífico. Participávamos ativamente das manifestações e passeatas que se opunham a qualquer governo que se impunha pela força. Eram frequentes as agressões sofridas pelos colegas naquele período negro da nossa história na cidade do Recife. Os colegas eram arrancados dos palanques improvisados nos comícios “relâmpagos” quando nos seus discursos incitavam a população para um engajamento maior na luta ideológica que naquela época se fazia tão necessária.

      Convivi com muitos heróis que ajudaram a escrever a história daqueles dias tão tumultuados na vida de um estudante pobre, vivendo fora de casa como eu e muitos colegas. Minha geração tinha uma sede de liberdade muito grande e lutávamos sofridamente por essa liberdade tão sonhada naqueles dias de saudosa memória.

      Lembro-me de um fato que marcou a todos nós estudantes daquela época; Foi assassinado no dia 28 de março de 1968, pela polícia militar, no Restaurante Calabouço do Rio de Janeiro o estudante Edson Luis. O terror e a revolta tomou conta de todos os estudantes daquela época em Recife.

      Nós estudantes mandamos celebrar uma missa pela alma do Edson Luis, morto pela ditadura.  Ao término da celebração saímos da igreja no centro do Recife e já nos aguardava na porta de saída da igreja, a polícia montada e a polícia a pé, para as perseguições costumeiras. Com muito medo, nos unimos num só bloco e alguém, no meio dos colegas teve a idéia salvadora de cantar o Hino Nacional. Caminhávamos cantando pelas ruas estreitas do Recife, mas a multidão ia se dispersando e a polícia andando sempre na nossa retaguarda, até o ponto em que não deu mais para cantar.                         Foi aí que a polícia começou a pancadaria e por sorte não fui agarrado por um policial que me perseguiu ao longo de algumas ruas, mas para minha sorte, o grandalhão teve que parar por alguns segundos para apanhar seu capacete que havia caído. Corri um pouco mais na direção de uma parada de ônibus perto do Mercado São José, apavorado pela perseguição e com o coração na mão. Por sorte, um ônibus parou no sinal mais próximo já com a porta aberta e eu pude sair rapidamente daquela zona de perigo saltando alguns quarteirões na frente para minha segurança.

       Até hoje não sei qual o bairro de destino daquele transporte que me salvou. Dali me dirigi mais tranqüilo a outra linha de ônibus que me levou a Avenida Conde da Boa Vista, paralela a Rua do Riachuelo onde estava a Casa do Estudante de Engenharia  onde eu morava.  Nesse dia e no mesmo episódio muitos colegas meus foram presos e os noticiários tendenciosos estampavam na manhã do outro dia que um bando de baderneiros tinha sido preso fazendo arruaça.

      O Brasil inteiro se comoveu e muitas mães temeram por seus filhos. A morte de Edson Luis representava para elas a ameaça constante aos seus filhos que estudavam longe de casa e fora da sua proteção. Os protestos aumentavam nas ruas do Recife e as universidades que não haviam aderido ao movimento já se juntavam fazendo um coro maior de protestos. Os militares passaram a perseguir os estudantes com muito mais intensidade.

       Essa morte conseguia acender finalmente a chama patriótica daqueles que estavam ausentes do movimento estudantil e finalmente a revolta das pessoas fora do meio estudantil. De repente Edson Luis tornou-se um símbolo mais útil ao movimento que no tempo em que estava vivo. É como se o sangue do herói inocente tivesse lavado a alma do país.

      Hoje, após tantos heróis mortos e mutilados vivemos a liberdade tão sonhada pela nossa geração. Mas minha geração faz a pergunta aos jovens de hoje; O que vocês farão com a liberdade por nós conquistada?

      O inimigo hoje não usa farda. Não é invisível, mas aje na invisibilidade da aparência elegante; Usa palitó e gravata e até fala mais bonito que nós, quando brada nos palanques sempre festivos e muito luminosos ou nos salões luxuosos do congresso e das Assembléias. Trabalha sempre com ar condicionado e está sempre ladeados das mordomias e dos assessores sempre muito caros, mas custeados por nós, cidadãos.

      O salário de muitos desses “respeitáveis” senhores é altíssimo em relação ao que produzem. Legislam em causa própria na hora de premiarem sua esperteza e ineficiência com salários bem acima dos sonhos dos seus eleitores. Esses senhores eleitos por nós ainda têm auxílios de toda espécie inclusive alguns até de nome interessante como se quisessem gozar com a cara do eleitor; “auxilio palitó”. Suas despesas reais ou não reais são custeadas até o último centavo pelos impostos que pagamos.

      E aí eu pergunto; Foi para isso que vivemos todos aqueles dias de amargura na conquista da liberdade que um dia não saberíamos usar porque a nação não aprendeu a votar?  E agora? Será que valeu a pena tanta luta? Claro que valeu, mas o processo de conquista é constante e terá que ser continuado pelo jovem de hoje porque os tempos são outros. É deles a hora e como dizia nosso Geraldo Vandré; “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

      É a geração de vocês que vai responder essa pergunta. Minha geração não andou nem a metade do caminho e a nossa luta só terá sido em vão se vocês pararem onde nós paramos porque o inimigo da sociedade de hoje não é mais o de ontem. Eles podem está camuflados na pele de um deputado, de um prefeito, de um senador e até daquele vereador matreiro e aparentemente inocente da menor cidade desse país. Sem querer fazer injustiça com os honestos, as notícias que temos ouvido é que muitos agem na penumbra dos seus gabinetes. Estas notícias são cada vez mais frequentes e o pior; Na sua lábia costumeira até aprenderam a justificar aquilo que conscientemente não se justifica e o que ontem era desonesto se tornou permitido, corriqueiro e normal nas explicações de tão “doutos” senhores.

      As ações nefastas de hoje podem mexer muito mais que aquelas outras dos fardados de ontem já que muitos estão hoje com a chave do cofre e com o poder. As ações de hoje mexem com a ética, a moral, a justiça, a família, a esperança e, e a fé do povo, sem falar na ordem moral da nação. Hoje, apesar de termos uma juventude mais esclarecida, às vezes essa juventude parece dormir no seu comodismo como se o Brasil de hoje não fosse preocupação e responsabilidade sua.

      A luta precisa continuar com objetivos bem claros e definidos. Lutar não é fazer quebra-quebra do patrimônio que ajudamos e pagamos para construir. Esse é o maior contra senso que se observa nessa juventude que quer parecer competente e independente. Felizmente são ações de uma minoria cujas cabeças estão cheias de nada e por isso querem conduzir a nada o nosso patrimônio. Não se demonstra inteligência destruindo aquilo que custou nosso suor e por isso nos pertence.

      Talvez lutar hoje esteja mais para aprender a votar consciente, para ensinar a votar bem, aquele irmão que não teve escola, e também para denunciar todos os sistemas ardilosos e todos os marqueteiros mentirosos que moldam no candidato ladrão e ineficiente, na época das eleições, a cara e a personalidade de um Francisco de Assis ou de um “respeitável” homem de progresso.

       É lamentável que esse tipo de profissional da mentira esteja tão em voga nos dias de hoje como se fosse essencial ao progresso de um povo ou até mesmo de uma nação. Quanto a mim, marqueting é conversa para boi dormir e na nossa história recente tem aberto muitas brechas para a corrupção escancarada e predadora dos nossos ideais de progresso e do respeito para com o dinheiro público.

      O marqueting, hoje tão em evidência não coloca uma só pedra no alicerce da nossa sociedade. Acho até que remove as pedras já colocadas. Mas infelizmente tem sido disso que viveu até hoje os meios de comunicação de massa. Com o seu poder de penetração sem limite legal constrói um mundo distorcido e tem pintado de bonito aquilo que nasceu feio e provavelmente vai morrer feio.

      Os estudantes, com o seu maior preparo intelectual e uma maior compreensão da nossa realidade tem que denunciar esses profissionais do marqueting político que tem pintado com tintas brilhantes muitas personalidades opacas, nulas e sem nenhum passado que justifique tanta propaganda. As ferramentas tão independentes da internet são a cara dessa juventude que está aí e o público alvo desse jovem de boa vontade precisa ser aquele público que a omissão política não contemplou com a educação libertadora que sempre foi tão mentirosamente alardeada nos comícios de ontem e com certeza nos que virão amanhã. Poderíamos até dizer que político fala de educação, mas quando eleito não faz educação. Claro que estamos falando aqui da verdadeira educação libertadora.

      Lutar pelo nosso país, hoje talvez seja também buscar outro modelo econômico diferente daquele que a própria Europa já demonstrou, falido, mas teimosamente continua sustentado por algo que ainda não sabemos o que é. Talvez o interesse de corporações colossais que tem forçado soluções que não contemplam o social, mas só o bolso do empresário quase sempre protegido pelas leis marotas do sistema.

      Lutar pelo nosso país talvez seja hoje encontrar um jeito de impedir nossos governantes de dizer tolices e de convidar a população para consumir cada vez mais como se o consumismo pudesse ser uma bandeira coerente e saudável de progresso social. Hoje se sabe, ser esse um modelo incoerente à medida que aumenta a população e o planeta se esgota na sua capacidade de produzir o essencial à vida.

      Lutar pelo nosso pais talvez seja hoje impedir que se dê a indústria automobilística incentivos para crescer e vender cada vez mais carros quando as cidades  já não cabem mais automóveis. Na cidade maluca de São Paulo até de bicicleta se chega mais rápido ao destino e em breve se tornará inabitável pelo acúmulo dos problemas e de uma população sufocada, sem qualidade de vida.

      Lutar pelo nosso país nunca será se submeter a FIFA quando aqui quer impedir a baiana de vender seu acarajé nos estádios da copa coisa que o respeito dos brasileiros a essas simpáticas senhoras nunca ousou tentar. É valorizando nosso povo e os nossos costumes que nos tornaremos uma nação respeitada.

      Lutar pelo nosso país talvez seja mais apoio a agricultura, pois essa sim cria um produto vital a nossa sobrevivência, o combustível das nossas vidas.

      Lutar pelo nosso país diferentemente de apoiar a indústria automotiva forasteira com certeza é apoiar a indústria da construção civil, genuinamente brasileira que mais oferece emprego direto e indireto e tem dado dignidade ao cidadão já que todos têm que habitar uma casa para construir o seu lar.

      Lutar hoje pelo nosso país talvez seja fazer uma agricultura visando o alimento sem exaurir nosso solo e não permitir que grupos econômicos estranhos façam concorrência desleal a quem sempre nos alimentou; O pequeno agricultor.

      Lutar hoje pelo nosso país talvez seja remar contra o lucro fácil da Vale que exporta nosso minério sem a ele agregar nenhum valor. Temos certeza que não é isso que faria qualquer país que presa seu povo e sua economia e com certeza hoje rir de nós e rirá muito mais no futuro, das besteiras que hoje fazemos.

      Lutar pelo nosso país talvez seja não permitir a exploração até a exaustão das minas de ferro desse país que é também um patrimônio nosso que construiria o futuro quando esses minérios se tornarem raros e caros. Não se vende o solo nem o subsolo por moeda nenhuma. Bem mais que dinheiro valerão eles no futuro.

      Lutar pelo nosso país talvez seja hoje não calar como vinha calada a nossa juventude. Com a vitória que agora obtiveram nas ruas, vocês jovens são testemunhas do poder de um povo unido. O impossível é aquilo que não se tentou ainda. Desconfiem sempre, pois governos tem mania de defender por baixo do pano o empresário que forneceu o dinheiro para elegê-lo. De alguma maneira eles devolverão esse financiamento e com certeza não tirarão do bolso deles.

      Lutar pelo nosso país é impedir que se construa estádios caríssimos para uma copa que só durará um mês quando os problemas eternos da nossa segurança, da nossa saúde e sobretudo da nossa educação são tratados como um problema para se resolver no futuro. Não podemos viver para turistas nem para turismo. O que o turista quer ver no nosso país não foi feito por nenhum governante, mas pela natureza que estampou na nossa paisagem um verde que não existe mais lá fora e um povo que apesar de tudo, estampa na cara a felicidade e a simpatia.

      Lutar pelo nosso país terá que ser sempre a luta que visa o homem feliz e minimamente abastecido nas suas necessidades e nunca aquela que visa à frieza dos números de uma economia concentradora e egoísta. A economia é boa até o momento que gera emprego e distribui a riqueza de um país que a rigor devia pertencer a todos já que a natureza que nos cerca foi pródiga com todos e a rigor não deu posse dos seus bens a ninguém.

      Sei que você, jovem, melhor que eu, sabe como lutar nos dias de hoje e é exatamente por saber tanto que aumenta a responsabilidade de todos vocês. Mãos à obra e pelo amor de Deus não nos decepcionem. Não vão esquecer no futuro quando ocuparem a função de muitos que agora nos governam.  A tentação existe. É preciso resistir!

 

Gilson Leite de Moura

23 de Junho de 2013.