Quem somos nós após os sessenta?
Uma mistura de temperamento, leitura, amizade e Ambiente de convivência.
A vida rapidamente passou e nos damos conta que já nos incluem no rol dos velhos. Essa constatação só começa a ter uma aceitação por nós, quando nosso corpo dá os primeiros sinais. A mente está carregada de experiências do tempo vivido, dos erros cometidos, das conquistas, das perdas e da nossa história particular que passou e de agora em diante, mais rápido passará. Todas essas coisas nos fazem acordar para aceitar equilibradamente o velho que nos tornamos apesar da bagagem de experiências.
Os anos que voaram trouxeram consigo a constatação bem evidente de que se são muitas as lembranças, também foi longo o tempo que passou e só agora damos conta. É como se acordássemos do sonho que é a vida, momento em que estamos cheios da sabedoria conquistada, mas já começa a aparecer o declínio das funções vitais físicas. A vida nos prega uma peça e vai se tornando cada vez mais curto o tempo que nos resta.
Duas fotografias se apresentam a nossa frente; O jovem intrépido, sonhador e cabeça erguida que fomos e esse senhor equilibrado, (ou não), cabelos brancos, introspectivo que quer ainda viver de futuro, mas tem os pés preso no passado e o futuro em contagem negativa.
Esse velho que hoje somos, manifesta-se no seu comportamento compenetrado e diferente, e já começa a observar sua detestável “desinclusão” por parte daqueles que o cercam e não mais o veem. Continuamos presentes na vida, nos fatos e naquela atitude gratuita e nostálgica, aquela vontade irresistível e por muitos incompreendida no idoso; Ensinar aos outros gratuitamente o que a vida lhe ensinou.
As rugas, os cabelos brancos e a falta de músculos já denunciam idade e não deixam o tempo mentir. Esse é o aspecto mais triste da velhice já que vivemos em um mundo de aparências. Lamentavelmente aquilo que não se apresentar bonito e estético não prende a atenção e admiração e por isso a “cotação” do idoso é baixa e à medida que o tempo passa, mais ele se torna “invisível”, uma sombra nas rodas de conversa.
Nos tempos de hoje, bonito mesmo é um corpo sarado, músculos delineados e corpos ágeis. A sociedade que nós mesmos inventamos não aprendeu a medir o conteúdo das coisas, mas talvez até por culpa nossa, aprendeu a valorizar o que temos de mais periférico, e até esquecem que se conseguirem sobreviver, serão os velhos de amanhã.
É tarefa hercúlea convencer um jovem de cabeça ainda vazia, da importância do conteúdo que preenche e amadurece um cérebro no correr dos anos. Isso ele só vai compreender quando o vazio do seu cérebro for preenchido e ele passar a ter explicações vantajosas para o mundo que o cerca. Essa tarefa é mais adequada para quem atravessa os anos ou tem o privilégio de ter ficado vivo. Tarefa verdadeira também para quem herdou um cérebro de luz que com certeza o faz buscar “explicações” para tudo, despertando pelo conhecimento, o sábio que nele mora. Essas coisas costumam povoar mais a mente de povos desenvolvidos cujos costumes são diferentes dos nossos. Esses costumes se sedimentaram ao longo da história, e os mestres formados nesses conceitos agora os ajudam a construir um futuro já experimentado na vivência.
O desenvolvido há muito compreendeu que um corpo sadio só terá sentido se for para transportar com eficiência, o espírito e a inteligência que portamos e nos faz diferente de um ruminante.
Alguém já disse que somos o nosso cérebro e os outros órgãos são úteis para nos dar mobilidade e distribuir a seiva da vida. Sob o comando do cérebro, o corpo sadio (mesmo velho) proporciona a liberdade do ir e vir e também a liberdade do pensamento que muda o mundo, no qual se inserem os tontos que nada fizeram para construí-lo, mas também os sábios que o construíram para a felicidade de todos.
Gilson Leite de Moura.
Não me lembro a data em que escrevi, mas hoje é
24 de novembro de 2012
9h e 35min.
Hora em que já deve ter nascido meu neto,
Filho de Sergio e Tamara em Fortaleza.
Minha neta Mayana se tornará DOUTORA do ABC.