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SETE DE SETEMBRO
SETE DE SETEMBRO

SETE DE SETEMBRO

 

 

     Insanidade total! Isso poderia definir com poucas palavras esse sete de setembro de 2010. Um dia daqueles em que a cidade sob a batuta do roncar cada vez mais alto das motos envenenadas, nos faz ter saudade de tempos em que sons mais saudáveis chegavam aos nossos ouvidos. Parece que o ruflar patriótico dos tambores e o som dos metais das bandas que povoaram a nossa juventude ficaram no passado e deram lugar a essa festa insana onde se trocou o ritmo audível pelo ruído insuportável e perturbador que parece penetrar até a nossa medula.

     Pergunto-me sempre se alguém ou a cidade ganhou alguma coisa com isso. Em que cabeça maluca surgiu tão negra idéia, ou será que nós também temos que pintar nosso mundo de preto para sobrevivermos no escuro mundo dos insanos. E assim pensando, me vem a idéia de pátria, de DEMOCRACIA, conceitos apreendidos já na infância e na juventude, aqui mesmo em Brejo Santo quando a cidade ainda era bem pequena e a vida fluía calma, pacífica e mais amiga.

     Como se define DEMOCRACIA? Lembro-me, não faz muito tempo, tê-la definido nos palanques a plenos pulmões como sendo o GOVERNO DA MAIORIA.

    Será que ainda se define assim? Será que a MAIORIA ficou tão tresloucada que adotou como música dos nossos tempos o barulho ensurdecedor e pobre dessas máquinas malucas? Ou será que o insano sou eu?

     Tenho medo daqueles que pregam a filosofia do barulho sem nenhum limite, porque quase sempre vem associada à violência, ao desrespeito para com os outros e aos limites impostos pelas boas regras de convivência.

   Insegurança maior nos causa, porém quando autoridades dessa DEMOCRACIA custeada pelos impostos da maioria, não mais se move ou então se omite na imposição dos limites tão necessários a nossa convivência pacífica.

       É do conhecimento de todos que na democracia deve imperar o diálogo, a compreensão e a conversa amiga, mas na “ANTIDEMOCRACIA” generalizada, onde manda e desmanda a truculência, é preciso aplicar a lei para corrigir rumos e punir faltosos. Afinal de contas foi para isso que a lei foi feita; Conduzir com retidão atitudes que mexem com a vida em sociedade e atingem o direito do outro.  Acho que é também para isso que custeamos o funcionamento do município, do Estado e do país com os nossos tão suados impostos. Essa segurança é conquista, é direito nosso porque pagamos por antecipação esses serviços e zelar por direitos conquistados é um ato de sabedoria, independência e cidadania.

      Não dá para explicar tão patético “PROGRESSO”, mesmo deixando o saudosismo do lado. Até mesmo o fato de termos amadurecido na idade, não explica que tais ruídos ensurdecedores possam substituir nossa festa de independência ou nosso dia da pátria outrora comemorado com patriotismo, hoje tão em falta na mente de alguns.

       Não me consta que o progresso esteja associado à quebra dos direitos individuais do cidadão ou a não valorização daquilo que temos melhor em nós, como o direito de convivermos harmoniosamente, o amor a nossa PÁTRA GRANDE e também ao nosso MUNICÍPIO, essa pátria pequena e bem mais aconchegada ao calor do peito e as nossas raízes.  

      O dia da pátria precisa voltar a ser mostrado através dos valores que seus filhos carregam dentro de si e nunca dentro do bojo de escape de uma moto. Aí é pobreza de espírito demais! Atitudes nanicas de quem tem pouco a dar, mas apezar de sair de uma minoria, pretende suplantar o desejo da maioria numa afronta a grande massa que não aceita, mas se cala. Pelo grande investimento feito pelos nossos pais no passado, em matéria de educação dos seus filhos, não é por falta de valores humanos, porque temos certeza que a sociedade brejo-santense os tem.  

        Com toda a criatividade que soube moldar uma sociedade mais feliz com suas expressões através da arte, da poesia, da paz e do trabalho que construíram essa cidade, o dia da pátria tem que ter folclore, músicas que nos elevem o espírito, e tudo aquilo que fale do nosso progresso real, sobretudo aquele que demonstre a inteligência criadora nos dias de hoje e no passado dos nossos pais.

      Que tal comemorarmos o dia da pátria com um grande convite a seus filhos ilustres que hoje fazem sucesso fora do nosso município ou até mesmo aos que moram aqui e tem contribuído para o progresso e bem estar dos seus conterrâneos? Esses, sim, merecem a nossa homenagem por tudo de bom que acrescentaram, pela posição exemplar que conquistaram e pelo trabalho social e intelectual que prestaram. Mais que nunca precisamos apresentar esses cidadãos e suas conquistas aos nossos filhos e netos antes que eles passem a adotar como heróis, “pobres motoqueiros barulhentos”. Essa é a bandeira que precisamos hastear.

     Que tal estendermos esse convite aos nossos pequenos e grandes agricultores, mostrando as riquezas da nossa agricultura e colocando essas figuras quase sempre tão humildes, na sua real posição dentro da economia do município já que são eles que sustentam os nossos corpos com o alimento que produzem e colocam na nossa mesa? Esses também merecem, porque com a sua produção, colocam o município numa posição de destaque no Estado.

        A pátria precisa ser saudada pelo folclore, pelos nossos costumes e pelo progresso que moldaram a cara e o espírito do seu povo.

Brejo Santo precisa também ser mostrada no seu conhecido comercio que tanto tem movimentado sua economia.

       Não quero continuar a citação de tantas outras opções bem melhores e menos pobres de espírito que o ruído ensurdecedor de máquinas. Quero apenas lembrar que se cada um dá o que tem, posso afirmar com segurança que Brejo Santo tem coisas bem melhores para oferecer como presente, à PÁTRA AMADA, no dia do seu aniversário.  

 

Gilson Leite de Moura.

Sete de setembro de 2010.